Friday, January 15, 2010

Viagem

De sobretudo ás costas e um esgar perante o horizonte, sigo, vou seguindo, a tentar não olhar para trás... A chuva disfarça as lágrimas e o vento tenta-me tirar o cachecol enquanto o cabelo voa, dança ao ritmo da minha passada... Não sei se quero chegar onde vou, mas estugo o passo por saber não querer continuar onde estou, as pessoas que passam por mim, sinto-as lá, mas como pequenos pormenores de um quadro, são-me quase indiferentes... Uma viagem não deveria ser assim...

1 Comments:

Anonymous Anonymous ecoou...

Dizem que o âmago do ser está na viagem quando não sabe o rumo mas quer. É um relâmpago suspenso e uma paixão intercalada de todas as vezes que os finados regressam.
Queria ter visto mais e virei a cara, procurei a máscara e já não me servia. Jurei que me olhou em troça e fez de mim o teatro onde geografias e corpos não deixam sombras. E o retrado foi diluido sem sabermos que éter foi esse, é só mais uma ausência... continua a caminhar...
Faço o quê quando a sombra de mim é maior que eu? Tacteio-me para corrigir a calcinada realidade e cuspo no espelho: esse absoluto pelo menos reconheço!
Venham os irracionais que apregoam a estranheza já que os lábios são ferida aberta e não receio o sangue que de lá pinga. Temo apenas a inércia do marasmo.
Tu que és lume e pó de cidade, cantas já outro corpo?

5:05 AM  

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