Friday, October 26, 2007

Um grito pela liberdade?

Chega de musicas de despedida, a despedida torna-se diária e a carcaça mantem-se a deambular pela cidade a ser repugnada pelos demais enquanto procura no vazio e em vão um rumo...


Ele bradava aos céus enquanto o dia continuava a correr impávido à sua volta, os transeuntes, habituados, já não estranhavam esta estranha maneira de ser.

-Lá está ele outra vez... Ainda ontem saltitava contente a gritar "estou livre!"
-É sempre a mesma coisa... Ora está livre ora está de novo a reclamar a liberdade... Vá-se lá entender...

-DEIXA-ME IR!!!!!!! ESTÁS A OUVIR??? JÁ NÃO SOU TEU!!!!!!!! E LEVA CONTIGO OS ESPELHOS QUE ME FIZESTE CRIAR, LEVA OS REFLEXOS DE TI QUE JÁ NÃO SÃO MEUS!!!!!!!! DEIXA-ME SER MEU!!!!!!! DEIXA-ME SER MEEEUUUU!!!!!!!!

So many coma's

E aparecem uns raios de Sol, como se visse o mundo pela primeira vez, mas a sensação em si é-me familiar.
é a desilusãomais uma vez, e cheira-me que não será a última, aliás, cheira-me até que será essa a espinha dorsal deste caminho, percorrer as desilusões até perceber, saber, sentir cá dentro que não vale a pena sequer começar por iludir, matar o mal pela raiz, perceber qual a necessidade da ilusão, e, finalmente viver a realidade, por aquilo que ela vale, gostar do que ela me traz, gostar de mim enquanto real, aprender a amar o real, realmente...

-Bom dia, o que deseja?
-Queria 250 gr de realidade por favor...
-Queria ou quer?

Wednesday, October 24, 2007

Pedir demais?

Falta agora ainda mais um corpo quente para abraçar quando espero o sono, uma alma para redescobrir todos os dias quando os olhos abrem para a vida, alguém para tapar com o edredon quando acordamos a meio da noite com a cama virada do avesso, a quem renunciar o casaco ou o guarda chuva para que não se molhe, esta estranha preciosidade à qual não queremos que uma única pinga de chuva toque, uma companhia para ficar em casa a ver filmes e beber cacau quente enroscados em milhares de mantas quando o tempo lá fora é impossível de enfrentar...

-Só os ursos hibernam sozinhos... E eu não sou um urso, sou?

Antes que me torne num cubo de gelo, peço a Quem de direito, que torne possível esta miragem...

Bom dia Inverno...

Voltaram os cheiros, mar de fragrâncias reactivadas pela água que agora vem também, para molhar os mais incautos ou aventureiros nos seus caminhos de uma porta a outra...
Voltou a sensação de aconchego nas roupas pesadas e da protecção na casa onde se ouvem bater os pingos de chuva no telhado...
Voltou a tristeza dos dias cinzentos e a solidão das noites de janelas fechadas, de pessoas em bares fechadas, ensimesmadas,
ilhas isoladas por um mar de frio...

Saturday, October 13, 2007

Nunca é tarde demais...

Vem...

Thursday, October 11, 2007

Eu, agora...

Parece-me agora que os dias estão mais compridos, que há mais pessoas no mundo, que tudo tem um propósito definido, que os sonhos querem mesmo dizer algo, que os lugares estão mais distantes, que eu já sei o que quero, que todas as músicas falam de ti e delas, que já sei o que as pessoas pensam, e quando não sei não tem tanta importância não saber, que no final de contas, apesar do peso no peito, da luta no luto, eu estou bem assim, que gosto de mim, que não há razão para não sorrir...

Why can´t she be you?

Por um momento, dava o meu dom, prescindia da luz do dia, do brilho da noite. Para uma vida recheada de ti, abdiquei de mim, mas então percebi que sem mim tu não existias em nós...
Comecei a notar que me perdia ao tentar te alcançar, que ia de encontro a ti quando me encontrava.
Agora volto a sentir-me aos poucos, mas como uma metade, onde reside parte da minha alma, aos gritos por ti, que tento acalmar em vão cada vez que te vejo...

-Sabias que os alquimistas acreditavam que quem tinha o lóbulo da orelha colado ao pescoço tinha um dom?
-Sim, já me tinham dito...
-Tás a dizer que não sou original?
-Não... é que...

É que tu não és ela...

Sunday, October 07, 2007

Metamorfose Vol.1

És o meu pôr do sol, espraias-te a oeste e anuncias-me o fim do dia que parecia durar para sempre...
Escondes-te de mim quando mais te quero, desapareces com o chegar da noite e deixas-me a sonhar com a sombra que o luar te desenha, deixas-me a amar um vulto por entre a escuridão.
Procurei então amar a noite na esperança de chegar a ti, sendo que ela te albergava, para quê viver antes do teu chegar? Mas apercebi-me que é no dia que tu resides, que a tua visita não assinalava o teu nascer mas sim uma despedida constante.
Quero agora acordar contigo e sonhar ao teu lado, sem precisar de perseguir os teus sonhos acordado. Apercebi-me então que é de dia que virei a ser meu, e teu...

Thursday, October 04, 2007

Lençol cativo

É a vergonha de vos ver...
É a culpa de me mostrar, é o sentir-me na chuva e no cinzento do céu, é o querer andar para a frente mas só conseguir olhar de lado...
São os dias em que parece que isto nunca vai acabar e que vou ser sempre assim...
É quando até uma mão amiga seria mais uma bengala a ajudar o que tem de vir cá de dentro...
É um ressonar surdo na minha vontade de acordar...