Monday, December 29, 2008

Estremoz aqui vou eu...

A paisagem desvanece-se num borrão, saio da cidade que me viu nascer, crescer, tornar-me no que sou... Na pessoa que trocaria este berço em troca de uma cama de corpo e meio, vou assim a caminho do convento em que se contarão os segundos que marcam a fronteira entre o presente e o futuro próximo. Para estar mais próximo de inspiração divina, ou Divinal?.. Rodear-me de pessoas novas, novas relações interpessoais, que de novas apenas talvez... Este carro sou eu, a paisagem a minha mente, borrão de passagem, resta-me concentrar os esforços nestes segundos e cair na ilusão de que mudarão o presente de forma diferente a qualquer outro segundo por que passo... É na ausência do vício que o novo brilha como tal, é no escuro que a luz fere de forma divina, divinal...

Feliz Ano Novo

alan silvestri - "Why don't you do right"

O vento fustiga-lhe a cara, com alguns pingos gelados, de uma forma tão irónica que só lhe resta sorrir com escárnio... Ela tinha se despedido há mais de 5 meses naquele mesmo local, virando-lhe costas e andando com aquele jogar de ancas que ainda hoje o atormentava em forma de memória... Não tinha sido suficiente enquanto homem na altura, e voltara a não ser quando há uma semana atrás a tinham sequestrado... Se houvesse peso para a culpa, ele agora afundar-se ia até aos confins do inferno, não era suposto ser assim, nos filmes o bom da fita fica com a mulher e protege-a para o resto da vida... "Que é que aconteceu mal? que cruzamento é que eu falhei?.."

- A falar sozinho..? Isso vai mesmo mal...


Ele chegara com as provas descobertas até ao momento. A Caçada começava finalmente...

Sunday, December 28, 2008

Equilíbrio né?

Fantasmas arcaicos, comportamentos modelados por ínfimas acções que se tornam assim de uma magnitude à escala geracional... Como parar este motor de inércia psíquica semi inconsciente? Já ultrapassei o valor do conhecimento quando o sobrevalorizei, estará na altura das emoções? Se assim fôr, de que forma se usam?

Para se usar as emoções é preciso primeiro saber lidar com elas...

Saturday, December 27, 2008

Só vontade...

Já não sentia isto há muito tempo, uma pessoa a inundar-me a mente a ponto de deixar os pensamentos a boiar, à deriva... Esta constante nostalgia de quem não acorda com o simples levantar da cama...

- Mas então não é assim tão mau, é aquela sweet depression...
- Pode ser, sim... Mas não deixa de existir aquele sentimento de querer as coisas de maneira diferente do que estão... Esta noção de que podia ter feito melhor...
- Hmmm, mas sabes que às vezes é o melhor, as coisas acabam por se moldar com o tempo...
- Yup, acho que o que me está a irritar mesmo é o facto de me sentir parvo como tudo, como se o meu cérebro tivesse tirado férias e se estivesse a rir numa praia qualquer em malibu...

Quando o coração manda, não há razão... Só vontade...

Thursday, December 25, 2008

jingle...

um desperdicio de lagrimas pelo conforto da compreensao, ainda que ela seja monosignificante...
luzes a cantar aquilo que já não conseguimos por as lágrimas nos prenderem a garganta... mas o espírito impele, o espírito pede que nos reúnamos.... nem que seja pelo belo prazer daqueles a quem queremos bem, e portanto, que os esforços corram sem falhas... sem desvios, para o mais profundo... lágrimas correm... na cúmplicidade que outrora existiu... para consolidar a partida, para saber que já não pode haver...
num espaço exíguo canto a minha tristeza como nunca hei de cantar para ninguem... para me saber de ninguem, para me saber à parte, para me saber sozinho por vontade propria... e assim caminharei... faça chuva faça sol... seja verão ou natal...

Monday, December 15, 2008

E que casa...

As paredes latejam com a quantdade de história que acarretam em cada fenda... Gritos, um texto contado com a calma de uma histeria contida... cada personagem vai tocando os nossos sentidos com uma problemática diferente, com um rosto diferente, gesticulação diferente... como as faces distintas de um diamante imperfeito... sentimos aquelas pessoas, sentimos os cheiros e as vivências de cada uma, sentimos o escuro hermético, claustrofóbico daquela casa, a velha casa... para depois sermos largados cá para fora, para o ar frio destas noites de inverno e reflectir, digerir a pedra que alguém nos colocou no estômago...


a ver "a velha casa" de luiz pacheco

http://timeout.sapo.pt/news.asp?id_news=2618

Tuesday, December 09, 2008

Dance me...

Carregamos a culpa há séculos, os devaneios vão sendo contidos pela pressão de fazermos mal a todos os que nos rodeiam, sem pensarmos no bem do qual privamos os nossos corações... um pequeno gesto sedutor, um olhar convidativo, já fazemos parte do mundo subjugado das emoções, um arrepio que nos percorre quando deixamos a mão levemente descer pelo corpo de quem partilha a nossa dança... hipnotizados deixamo-nos ir, com pequenos movimentos vamos deixando o ritmo da nossa pessoa se colar ao da outra enquanto respiramos o perfume directamente na fonte, com pequenos toques de lábios naquele refúgio perdido algures entre o pescoço e as primeiras madeixas de cabelo... Já não há roupa que faça parte do cenário, não há palavras, os corpos falam livremente o que a mente nem se atreve a perceber, são almas em convívio, como era suposto ser... desde sempre...

Monday, December 08, 2008

Mad world...

Um dia com o peso de um ano, 24 horas carregadas de emoção que nos obriga à socialização, para não nos sentirmos sós... Está ali, especado, a olhar para mim como um predador que nem sequer precisa de se esconder... Ele ri-se e eu retribuo a ironia...

- Gosto de imaginar que estas luzes todas são para comemorar o facto de eu ter nascido, que eu fui uma prenda para os meus pais, e uma prenda deles para o mundo...
- Que falha narcísica fred...
- Talvez, mas é melhor do que pensar que o pessoal está todo entretido com as luzes e as compras enquanto comemoro os meus anos... como se estivessem todos a olhar para o lado...

Uma roupa especial, as prendas recentes ainda meio embrulhadas nos plasticos protectores, uma cantiga, as velas para soprar... Um centro de atenções que sufoca por ser produção de um tema sem sentido... mas que é sentido...
Os votos de sermos merecedores de tudo o que desejamos, ainda que não o tenhamos, que uma vida frutífera nos espera, a comemoração de um acidente que afinal correu bem, frases de uma sinceridade embebida em alcool, risos, a esperança de este ano correr tudo bem e sabermos agradar a gregos e troianos, o final da comemoração, a manhã trazida pelos raios de sol que anunciam um dia normal, a saída de cena do centro das atenções... Para o ano há mais...