Thursday, June 30, 2005

Uma lágrima, por cada alma...

Viemos cah, para vos mostrar do que são feitos,
fomos cah deixados para limparem os vossos pecados com as lágrimas de arrependimento,
por aquilo que mais cedo ou mais tarde nos vão fazer...
Viemos, para vos mostrar que por dentro somos todos iguais,
quando a dôr ataca... lah no fundo e corrói,
somos todos iguais, quando a raiva se acumula e pensamos os nossos como os maiores e mais significativos problemas do mundo...
Viemos, para vos dizer que quando partirmos nenhum rancor partirá connosco,
que as portas do sítio para onde vamos estarão sempre abertas, até para aqueles que nos mandaram para lá,
e sobretudo por isso...
Viemos para cá por muitos motivos... ficámos, porque vos amamos...
Porque sabemos que sem nós seria mais difícil, até impossível, atingirem a redenção...

Monday, June 27, 2005

Uma outra viagem

Como se água corresse pela superficie da alma, limpando cada problema, cada pressao, cada dilema, levando me na sua corrente... Para aquele sítio que me encontra de tempos a tempos nos intervalos da minha consciência, onde repouso longe de mim próprio. Onde tento ver a realidade, aquela minha realidade, à distância da tua compreensão, qual precisão de um tiro letal directo à mente que agora fecha os olhos a cada metro que me afasto das luzes que me mantinham acordado todas as noites. Rumo agora em direcção a uma outra claridade, à chamada clareza de espiríto que neste momento actua como um marco geodésico na minha sanidade mental. As migalhas foram deixadas, o caminho de volta está confirmado, demasiadas vezes adiado, como se a maré me puxasse para mais longe, sempre mais longe, cada vez com mais força...

Sunday, June 26, 2005

Boémio ou não...

Era tarde, a realidade não passava de uma nuvem passageira e todos nós sabemos como os elogios e coincidências perseguem e mutilam a boa conduta a mando do desejo...
Os olhos pousam, finalmente, como que cansados de um vôo demasiado longo e cheio de pausas, sedentos de beleza, prestam-se a furar qualquer barreira na demanda pela alma há muito perdida na multidão. Volta-se ao ninho torturado pelo frio e solidão, procurando o abrigo nos lençois que parcamente satisfazem a saudade do calor há minutos irradiado pelo olhar profundo de alguém, um alguém que nos despe, as máscaras, que se despe à nossa frente tirando também a máscara, mostrando que a realidade está lá fora, presa do lado de fora, olhando-nos através da enorme janela da sinceridade que a impede de entrar... Os últimos momentos de consciência vão para o arrependimento, almofada solitária da noite fria, segurança dos passos que dizem não...

Friday, June 17, 2005

Barulhos no escuro...

A moldura é o fumo de mais um cigarro, enquanto procuro refúgio dos gritos que voltam uma e outra vez... A agressividade em ponto de caramelo que tão bem conheço roça a minha pele enquanto corro nos limites do fôlego da minha sanidade mental...
Ouço o estouro iminente e atiro-me ao chão rezando para que me falhe a alma, esperando que algo de humano sobre nesta carcaça, e assim não me junte aos inúmeros que vagueiam esta terra em busca de algo sobre o qual discutir...

- Tas aí?
- ...
- Já nos podemos levantar, eles já foram... anda... levanta-te...
- Como é que posso ter a certeza de que não és um deles?

Então ela abraçou-me, e senti aquilo que nenhum deles é capaz de fazer, senti a humanidade passar através da pele, genuína, íntegra, doce como uma flôr... Então olhámos nos olhos um do outro e recomeçamos a correr... com o fôlego redobrado, como se o mundo fosse nosso, como se todos se prostrassem perante o brilho das nossas almas...

Sunday, June 12, 2005

O vazio frio da noite

O chão arrefece a cada minuto que passa, pela noite dentro, como se lápides eu pisasse por cada alma que torturei, pela imaturidade dos gestos, tão familiares, tantos...
Gosto de pensar que foram os meus pés, que aqueceram demasiado na caminhada pela madrugada, onde os sussurros acabam e começa o teu nome. Palavra proibida no meu coração, cinza incandescente que adorna o caminho e me mostra por onde irei, sempre...
Sei que por esse caminho terei luz e calor, para me acompanhar, onde quer que vá... mas não esta noite, esta noite é feita de fantasmas antigos, mágoas passadas e diálogos com o interior...
Espero por um melhor dia, amanhã, para retomar a caminhada, para voltar a aquecer os meus pés...

Friday, June 10, 2005

o silêncio enquanto suicídio

A minha alma foge e tenta-se esconder do que sabe ser o seu útlimo fôlego,
mergulha em pânico na poça de paranóia pensando assim conseguir mais alguns segundos.
Mas ele continua lá, alimentando o desespero e o remorso, esperando que ela volte á tona
para respirar...
A golpada final é de tamanha força e contundente que o silvo moribundo ecoa por toda a minha mente ameaçando a loucura.´

- É tarde, porque não dormes?

- O silêncio está quase a ganhar... Sinto a angústia a apoderar-se dos sentimentos que outrora ocupavam o meu interior, que agora se refugiaram na mente... enclausurados, cercados de raciocínio e frieza emocional...

- Dorme, amanhã é outro dia...

- Amanhã... Amanhã poderei acordar num deserto, sem sombra sensível que me proteja do sol racional... Se adormecer agora, estarei a condenar a sobrevivência da alma que me implora por ajuda... Deixando-a no silêncio interior, abandonada pelas vozes que fazem a diferença...

Para trás, apenas luzes...

Reinventei-me, trouxe à luz o que apenas havia de sangue nestas feridas que abriam compulsivamente, mostrei e adorei ao contemplar o que acabava de ser criado.
Nem tú nem ninguém compreendem a profundidade do amor que aparece para dar sem pedir o que de bom há para ser dado. Vasculhei no íntimo aquilo que acreditava poder ser uma prova do que algum dia alguém no mundo pudesse saborear ao estar na sintonia de Adão e Eva, quando tú me mostraste o quão o mundo podia ser cruel...
O embate acordou-me como um duche frio numa tarde de verão, o teu olhar complacente mostrou-me o que havia para ser descoberto como se a vida me olhasse e dissesse "se não sabes nadar, só mergulhas se quiseres..." atirei-me a essa verdade e descobri... Abri a porta há muito fechada para que morresse sentindo que a vida me havera tocado, sem remorso, sem mágoa, com a simples noção de que um dia haveria de haver frutos a colher... para mais tarde saborear...